Estamos presente na dor, porque já estivemos muito perto do sofrimento. Servirmos ao próximo, porque sabemos que todos nós um dia precisamos de ajuda. Escolhemos o branco, porque queremos transmitir paz. Escolhemos publicar nossas ações, porque queremos transmitir fontes de saber. Escolhemos nos dedicar à saúde, porque respeitamos a vida.

"Trabalho não é apenas um meio de ganhar dinheiro ou de ser aceito e admirado. Muito mais do que isso, pode ser um meio de ser feliz, de se realizar, de fazer um mundo melhor."

sábado, 28 de janeiro de 2012

30/ janeiro- Dia Mundial da Não Violência


A violência institucional é uma das marcas mais fortes do atendimento obstétrico no Brasil. Seja em hospitais particulares ou públicos, as agressões ultrapassam o limiar físico para chegar ao psicológico. Acontece quando uma mulher, já privada de seu corpo sem pelos, sem fezes, é privada de sua voz. A vocalização, auxílio importante para a fase expulsiva do parto, é calada com desdém: “Na hora de fazer não gritou.”, é o lugar-comum da equipe obstétrica. Em vez de obedecer seu corpo, a mulher deve obedecer o comando médico: “Faz força, mãe!”
No SUS, é comum ouvir frases como “Não grita não, mãezinha, que ano que vem você tá aqui de novo”. No atendimento particular, as mulheres que insistem em um parto normal livre de intervenções são chamadas nos bastidores de “frescas” ou “afetadas”. Perceber que o erro nesse caso é do atendimento, e não da mulher, é o primeiro passo para começar a combater a violência cometida contra elas.

Na blogosfera internacional existe o termo Birth Rape para designar os maus-tratos sofridos pelas parturientes nas mãos da equipe obstétrica. Se lhe parece um pouco agressiva a comparação com um estupro, imagine que você não quer fazer sexo – de jeito nenhum -, então seu marido lhe dá duas opções: anal ou oral. E aí? Você tem que escolher uma dessas duas opções?
Agora veja um ultimato desses recebido na situação da parturiente, fragilizada, em uma situação onde ela precisa se entregar à si mesma, mas está sendo obrigada a se entregar ao médico. E o pior: a vida da criança está sendo colocada em jogo, mesmo que não esteja em risco. Como isso é justo? Como isso pode ser considerado normal? Como podemos argumentar que a equipe obstétrica não tem nenhuma culpa no aumento dos índices da cesariana, se estão oferecendo a cruz ou a espada?
É extremamente importante fazer com que as mulheres percebam que elas não podem ser tratadas desse jeito. Difícil, uma vez que a auto-estima da maioria esmagadora das mulheres no Brasil é formada por músicas que as chamam de cachorras e homens que a tratam pior do que aos seus animas de estimação. O que esperar do médico? Principalmente quando essa forma de violência já se tornou rotineira? A  realidade da obstetrícia no Brasil (não só nos índices) precisa começar a mudar. E essa mudança não deve ser oferecendo cesarianas na rede pública, mas sim, oferecendo um atendimento digno em qualquer lugar.


O Dia da Não-Violência, comemorado em 30 de janeiro. Há uma razão histórica e espiritual para a escolha dessa data. Em 1948, no dia 30, Mahatma Gandhi, líder indiano fundador do movimento de não-violência, foi brutalmente assassinado aos 78 anos.
No dia de hoje, nós devemos pensar em todos os tipos de violência: As mulheres, crianças, cidadãos, portadores de necessidades especiais, adolescentes, animais, ao meio ambiente, urbana, etc.
Mas também devemos refletir sobre certas atitudes nossas que também são um tipo de violência como tratar mal as pessoas que estão ao nosso redor, tentar levar vantagem em cima delas, fazer fofocas e intrigas, levantar calúnias. Eu considero esses “pequenos” atos como um tipo de violência também, afinal, eles também fazem muito mal na vida das pessoas envolvidas. Esse é um dos principais tipos de violência que devemos combater. Que a não-violência comece em nós.

3 comentários:

  1. Devemos praticar a não violência a partir de nós... mas, não devemos nos omitir diante de mal tratos, devemos procurar as ouvidorias e outros órgãos responsáveis e denunciarmos! Calar seria complacência com esse tipo de crime!

    ResponderExcluir
  2. Joana Barros-FACEBOOK
    Venham e vejam , vamos combater esse tipo de violência , tão comum para nòs Enfermeiros , juntos !!! Não alimentem certas atitudes preconceituosas e desumanas , amanhã poderão ser as nossas filhas e irmãs vítimas de nossa inércia.....

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ana Maria Barros-FACEBOOK. Parabéns pela campanha, isso demonstra o compromisso e a competência técnica desta equipe de saúde coordenada por vc. PARABÉNS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

      Excluir