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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Prevenção pré-concepcional de patologias fetais: Prevenção de infecções congênitas

 SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA

A rubéola é uma doença infecciosa causada por um vírus (vírus da rubéola) que se manifesta de duas maneiras principais.
Na criança e no adulto (o que se chama de vida pós-natal), provoca um quadro clínico caracterizado por erupção avermelhada generalizada, febre baixa e aumento dos gânglios linfáticos. Dura apenas alguns dias e dificilmente deixa seqüelas.
Ao contrário, se o vírus da rubéola acometer a gestante, no primeiro trimestre de gravidez, pode causar lesões graves e irreversíveis ao feto, prejudicando a suaembriogênese. Deste modo, a síndrome da rubéola congênita caracteriza-se por retardo no crescimento intra-uterino; retardo neurológico, defeitos cardíacos; anomalias na visão que podem levar à cegueira; deficiências auditivas leves, moderadas ou graves; e anormalidades hematológicas , ósseas e hepáticas. O índice de mortalidade durante o primeiro ano de vida gira ao redor de trinta e cinco por cento.
A prevenção da síndrome da rubéola congênita se faz através de vacina, mas alguns dados devem ser considerados.
Como o vírus causa imunidade permanente, a mulher que tenha adquirido rubéola estará protegida: a doença não acomete duas vezes a mesma pessoa. No entanto, como existem várias doenças com manifestações parecidas com as da rubéola, um diagnóstico puramente clínico não é suficiente. Para se obter a certeza de que a mulher teve rubéola, é necessário dosar os seus elementos naturais de defesa, isto é, os anticorpos específicos para rubéola que se encontram no sangue, quer dizer, realizar a sorologia para rubéola. Este teste, bastante simples, pode quantificar o nível de anticorpos protetores e avaliar se a paciente está imunizada ou não para a rubéola. Caso o título de anticorpos seja baixo, a paciente está susceptível de ser infectada pelo vírus, sendo necessária a vacinação.
A vacina, no entanto, não pode ser utilizada durante ou próxima à gravidez, devido ao risco de o vírus vacinal ser também teratogênico. No mínimo, a vacina, em dose única, deve ser aplicada três meses antes da fertilização do óvulo.
Quem teve rubéola pode fazer uso da vacina sem problemas e alguns médicos, para economizar recursos, ganhar tempo ou fugir dos resultados pseudopositivos da sorologia, preferem indicar a vacina sem colher previamente material para a sorologia, o que é válido. Em todo o caso, pode-se repetir a sorologia dois meses após a vacinação, para se verificar se a paciente foi efetivamente imunizada. Isto por ser uma vacina muito instável e necessitar de refrigeração constante, podendo perder a capacidade imunizante, caso não seja adequadamente transportada e armazenada. 

 HEPATITE B CONGÊNITA

A hepatite B também é uma doença causada por vírus . Da mesma forma que a rubéola, causa imunidade permanente e pode ser prevenida através de vacinação.
São dois os objetivos da vacinação contra a hepatite B antes da concepção. O primeiro é imunizar a mãe.
Partos normais e cesáreas são procedimentos de risco sujeitos a complicações que podem ter curso com hemorragias graves que necessitem de transfusões de sangue. Sendo a hepatite B uma infecção potencialmente transmissível através de transfusões, a conduta mais segura é vacinar todas as candidatas à maternidade.
O segundo objetivo é proteger o feto.
Sendo uma infecção suscetível de transmissão por via transplacentária ou durante o parto, a hepatite B é capaz de acometer o recém-nascido. A hepatite B de evolução aguda geralmente é benigna e não deixa seqüela. Eventualmente este quadro pode cronificar-se. A infecção crônica pelo vírus da hepatite B é associada à cirrose hepática e ao câncer do fígado.
Através da sorologia específica para a hepatite B se pode conhecer o estado imunológico da futura mãe. No caso de ausência de anticorpos, indica-se a vacinação.
A melhor vacina é a produzida pela engenharia genética.
Consegue-se a imunidade com três doses. A segunda dose é aplicada com intervalo de trinta dias; a terceira, com intervalo de cento e oitenta dias, em relação à primeira.
A vacina necessita de reforços a cada cinco anos, para garantir o máximo de eficácia.

O problema da AIDS na Gravidez

A AIDS, ou síndrome da deficiência imunológica adquirida , é uma doença infecciosa, causada por um vírus (vírus da imunodeficiência humana ou HIV) transmissível através do sangue e do contato sexual, que se caracteriza pela debilitação crônica, progressiva e praticamente irreversível do sistema imunológico. Apesar dos grandes avanços terapêuticos, a AIDS está longe de ter solução definitiva e vem tornando-se um dos maiores flagelos da humanidade.
Em algumas clínicas, o exame para o diagnóstico de AIDS é realizado rotineiramente em todas as mulheres que estejam tentando engravidar, tanto pelo risco de transmissão vertical como pelas limitações naturais que a gravidez impõe ao tratamento da doença e de suas complicações.
A amamentação em mães contaminadas pelo vírus é contra-indicada, pois o risco de transmissão do vírus pelo leite materno também existe .
Indicar a coleta rotineira de sorologia para AIDS, antes e/ou durante a gravidez, é conduta atualmente amplamente recomendada.
Antes da gravidez, para indicar a contracepção. Durante a gravidez, para o tratamento da gestante e do recém-nascido de modo a diminuir a taxa de transmissão vertical.
Estudos científicos internacionais têm mostrado que a taxa de transmissão vertical pode ser reduzida de 25,5% para 8,3% através do tratamento seqüencial (antes, durante e depois do parto) com zidovudina, da gestante e do recém-nascido de mãe infectada pelo HIV. Este protocolo terapêutico está sendo atualmente recomendado pela Ministério da Saúde. 
  
SÍFILIS
    
Há algumas décadas, antes do advento da penicilina, a sífilis ocupava o lugar que atualmente é da AIDS: uma doença venérea estigmatizante, lentamente fatal, que produz síndrome congênita grave quando presente na gravidez .
A sífilis não mudou e ainda existe. Em compensação, há tratamento simples, seguro, eficaz e barato. Isto para o adulto, porque o tratamento das seqüelas da sífilis congênita nem sempre é fácil.
Clinicamente, o quadro de sífilis congênita caracteriza-se por manifestações ósseas (osteocondrite sifilítica), miocardite, pneumonia, meningite, lesões do sistema nervoso central com retardo do desenvolvimento neurológico, paralisias, lesões oculares, surdez, hepatite, entre outras.
Para evitar tão terríveis conseqüências, a melhor solução é prevenir. Basta colher sorologia do casal antes da concepção. Caso o resultado seja positivo, realiza-se o tratamento antibiótico. Algum tempo após o tratamento, o médico pode repetir a sorologia para verificar se houve cura efetiva. Independente do resultado da sorologia anterior à fecundação, durante a gravidez, o médico pode solicitar outra sorologia, a fim de detectar possível reativação ou infecção recente pela espiroqueta causadora da sífilis.
Aqui a simplicidade do tratamento e a gravidade do quadro clínico não deixam dúvidas de que o único caminho é pôr os preconceitos de lado, colher os exames e assumir a responsabilidade, quando for o caso. Tudo em nome do futuro dos filhos. 

 TOXOPLASMOSE
    
A toxoplasmose é uma doença parasitária causada por um protozoário denominado Toxoplasma gondii.
O toxoplasma é um parasita que tem como hospedeiro definitivo o gato; o homem, outros mamíferos e as aves são hospedeiros intermediários.
Tecnicamente, chamamos de hospedeiro definitivo aquele no qual o parasita se reproduz de modo sexuado. No hospedeiro intermediário, a reprodução do parasita é assexuada.
No homem adulto, a toxoplasmose geralmente é assintomática. Ocasionalmente, pode cursar com um quadro de eritema , febre e aumento ganglionar semelhante ao da rubéola. Geralmente é autolimitada e raramente necessita de tratamento específico.
Por outro lado, se adquirida um pouco antes ou durante a gravidez, temos a síndrome da toxoplasmose congênita, que é um quadro grave caracterizado por manifestações cerebrais (encefalite, calcificações cerebrais, hidrocefalia, retardo neuromotor), manifestações oculares (microftalmia, estrabismo, destruição da retina), manifestações sistêmicas (pneumonia, miocardite, hepatite, anemia, icterícia), entre outras. A taxa de mortalidade gira em torno de quarenta a cinqüenta por cento dos bebês infectados.
Apesar de ser doença que causa imunidade, ainda não existe vacina específica e o combate à toxoplasmose congênita reside em dois níveis: profilaxia da infestação e tratamento dos casos suspeitos durante a gestação.

    Profilaxia

A profilaxia para a toxoplasmose congênita depende exclusivamente de certos cuidados básicos para evitar a infestação do parasita no organismo da gestante. A toxoplasmose pode ser adquirida pelo ser humano adulto através de duas vias:
  1. Por ingestão dos protozoários defecados pelos gatos na terra, no lixo ou na areia, veiculados pelo contato manual ou através de vetores, como moscas, baratas e minhocas.
  2. Por ingestão de carne crua ou mal passada de animais contaminados.
Para prevenir a infestação na gestante não imunizada, é necessário evitar o contato desta com gatos e a sua presença no ambiente doméstico; manter perfeita limpeza da casa e arredores, eliminando os insetos vetores; habituar a gestante ao uso de luvas para manipular carnes cruas, o solo, a areia e o lixo, lavando muito bem as mãos após o contato com este tipo de material; finalmente, cozinhar bem as carnes (o aquecimento acima de sessenta e seis graus centígrados mata o toxoplasma).

Tratamento

Por ser patologia suscetível ao tratamento por antibiótico totalmente seguro durante a gestação (espiramicina), o médico assistente deve estar atento aos seus sintomas na mãe. O diagnóstico é feito através de sorologia específica, mas a simples suspeita durante a gravidez, na falta ou no atraso do recurso laboratorial, justifica o tratamento. A gravidade da doença e a segurança da medicação, que não oferece nenhum risco teratogênico, fundamentam a conduta.
A coleta rotineira de sorologia para toxoplasmose, antes e durante a gestação, é tema de controvérsias. No entanto, a sorologia anterior negativa, seguida de quadro clínico compatível e de nova sorologia positiva, confirmam o diagnóstico de toxoplasmose adquirida e auxiliam o médico na decisão terapêutica. Por outro lado, a sorologia francamente positiva realizada antes da gravidez é sinal de imunidade e o risco de transmissão da doença para o feto por via transplacentária praticamente inexiste. 


TÉTANO UMBILICAL

O tétano é uma doença gravíssima causada pela toxina da bactéria chamada Clostridium tetani.
Caracteriza-se pelo comprometimento progressivo do sistema nervoso central, que culmina com paralisia respiratória e morte.
O tétano umbilical, ou mal-de-sete-dias, é adquirido através da contaminação do coto umbilical do recém-nascido.
 A profilaxia é muito simples e consiste em:
  1. Imunização da futura mãe, antes ou durante a gravidez, através da vacinação antitetânica, uma vez que os anticorpos maternos, transpondo a placenta, protegem efetivamente o recém-nascido, nos primeiros meses de vida. O esquema completo de vacinação antitetânica para o adulto é realizado, geralmente, com três doses da vacina, com intervalos de um a dois meses e reforços a cada dez anos. Quando a mulher recebeu o esquema completo de vacinação durante a infância, basta uma dose de reforço antes ou durante a gestação. Se a mulher não foi anteriormente imunizada, pode ser vacinada durante a gestação com as três doses, sem problemas.
  2. Cuidados adequados de higiene e assepsia do coto umbilical, durante o parto e nos primeiros dias de vida do bebê, até que ocorra a cicatrização completa do umbigo. Preconiza-se também o emprego, imediatamente após o parto, de soro antitetânico específico, para os recém-nascidos de mães não imunizadas .

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